santa maria

Fábrica de simuladores teme ser afetada por possível fim da obrigatoriedade dos equipamentos nos CFCs

Joyce Noronha

Foto: Renan Mattos (Diário)
Rota Simuladores é uma das empresas do ramo no país

A obrigatoriedade de uso de simuladores nos Centros de Formação de Condutores (CFCs) volta a ser assunto no país depois da declaração do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que tem intenção de revogar a norma, que ainda não é válida para todos os Estados brasileiros. No Rio Grande do Sul, a exigência está em vigor desde fevereiro de 2014.

O sócio fundador da Rota Simuladores, de Santa Maria, Julio Kirchhof, diz que a forma como a informação foi dada preocupa o setor empresarial de fabricantes dos simuladores. De acordo com Kirchhof, são mais de 6 mil equipamentos em uso, atualmente, em todo o país. Apesar da preocupação do setor, ele acha a reversão difícil.

- Foi uma declaração muito afoita. Os simuladores auxiliam muito na instrução dos alunos que buscam a Carteira Nacional de Habilitação. Porque os simuladores apresentam casos que muitas vezes não ocorrem durante as aulas práticas de direção, mas que eventualmente um motorista poderá encontrar no trânsito ao longo da vida - avalia o sócio da Rota Simuladores.

Kirchhof conta que, além de ser ruim para a formação dos motoristas, teria um grande efeito no mercado de simuladores, pois a maior parte das CFCs aluga as máquinas e paga por hora-aula utilizada. Ele diz que cada centro tem um contrato, mas, em média, a hora-aula é de R$ 14 a R$ 15 e cada equipamento faz, no mínimo, 100 horas-aula por mês. A Associação Nacional de Fabricantes de Simuladores Profissionais (Anfasp) divulgou nota de repúdio à declaração do presidente.

ACOMPANHAMENTO
O vice-presidente do Sindicato dos Centros de Formação dos Condutores do RS (SindiCFC/RS), Rodimar Dall Agnol, diz que a entidade está acompanhando o assunto, mesmo que tenha sido apenas um comentário por parte de Bolsonaro e não uma decisão definitiva. Ele conta que uma equipe do SindiCFC está em Brasília para tratativas com o Conselho Nacional de Trânsito (Cotran) e com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), que agora são integrados ao Ministério da Infraestrutura.

Dall Agnol, que também é diretor do CFC Via Centro, conta que estudos comprovam o benefício dos simuladores na formação de condutores. Atualmente, das 25 aulas que o aluno dos CFCs deve fazer, cinco são no simulador, e 20, nas ruas.

Empresas são prejudicadas com idas e vindas de leis e decretos

Se o fim do uso de simuladores for confirmado, há possibilidade de ocorrer uma redução da receita das CFCs. No Estado, cada hora-aula no simulador custa R$ 63,17, ou R$ 315,85 as cinco horas obrigatórias. Já as aulas práticas para carteira B, de automóveis, têm valor de R$ 61,04 por hora. O vice-presidente do SindiCFC diz que a diferença pode ser pequena quando pensada em apenas um aluno, mas no montante final, será um grande corte na arrecadação dos centros de formação.

GOVERNO COGITA AUMENTAR PRAZO DE RENOVAÇÃO DAS CNHs 
Além de falar sobre o fim da obrigatoriedade dos simuladores na formação de motoristas, o presidente da República Jair Bolsonaro também declarou, recentemente, que pretende aumentar o prazo máximo de renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de cinco para 10 anos. Sobre este assunto, o vice-presidente do Sindicato dos CFCs do Estado, Rodimar Dall Agnol, diz que não seria adequado fazer a mudança. Atualmente, dependendo da situação de saúde e idade do condutor, os médicos podem definir que a CNH valha 2 ou 3 anos, para que seja feito novo exame nesse prazo.

Dall Agnol ainda lembra que ele ou os demais diretores de CFCs não são contrários à alteração por conta da taxa paga nas renovações das CNHs, porque o valor é repassado para o governo estadual. Ele avalia que a situação vai além, pois se refere à segurança no trânsito, mas diz que é um assunto mais específico para médicos e psicólogos, que fazem os exames médico e psicotécnico dos alunos das CFCs.

O especialista em Medicina do Tráfego Roberto Rapetti Moreno é totalmente contra a mudança proposta. Ele trabalha com este setor há mais de 20 anos e lembra que foram anos de estudo e debate para chegar ao prazo máximo de 5 anos.

Outro fator que incomoda o profissional é que a alteração está sendo imposta pelo governo, sem passar por debate dos órgãos responsáveis, como a Associação Brasileira de Medica do Tráfego (Abramet) e os CFCs. 

- Não foi por acaso que o prazo de 5 anos foi escolhido, tem muito estudo, tem muito trabalho nesta decisão. Agora, querem mudar, mas então discutam o assunto com quem entende e representa a categoria. Isso não pode ser decidido num "canetaço" - avalia Moreno.

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